Comunicaciones orales

https://doi.org/10.37527/2021.71.S1

CO 076. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE CÁPSULAS DE ÔMEGA-3 NO MERCADO BRASILEIRO

Giovana Ríos Gonçalves1, Camila Ramos1, Susana Castelo Branco Ramos Nakandakari1, Thaiane Rios1, Adelino Sánchez Ramos da Silva2, Leandro Pereira de Moura1, Eduardo Rochete Ropelle1, José Rodrigo Pauli1, Dennys Esper Cintra1

1Universidade Estadual de Campinas - Unicamp, Campinas, Brazil, 2Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, Brasil



Introdução. Ácidos graxos ômega-3 (ω3) são encontrados principalmente em óleos de peixe, e sua suplementação tem sido empregada no auxílio ao tratamento e prevenção de doenças cardiovasculares, se ingeridos em doses adequadas. Entretanto, devido à relevância que que vem ganhando no mercado de produtos saudáveis, tanto no Brasil quanto no mundo, os casos de adulteração do conteúdo do óleo das cápsulas tem sido registrados com frequência.

O objetivo do estudo foi analisar o perfil de ácidos graxos nas principais marcas de ω3 comercializadas no mercado brasileiro.

Métodos. Inicialmente foram selecionados e adquiridos quatorze marcas de suplementos de ω3, comercializados em todos os estados do Brasil, com grande visibilidade midiática. Para análise do perfil de ácidos graxos das cápsulas, o conteúdo do óleo foi extraído e submetido ao processo saponificação e esterificação. Posteriormente, utilizou-se um cromatógrafo a gás, acoplado a um espectrômetro de massas. Houve diferença entre a quantidade de ácidos graxos impresso nos rótulos e a encontrada na análise, no tocante ao total de gorduras saturadas, monoinsaturadas, poliinsaturadas, e também ácido eicosapentaenóico (EPA) e docosahexaenoico (DHA). A legislação brasileira admite de ± 20% de variabilidade. Apenas a gordura poli-insaturada obteve adequação maior que 50% nos suplementos analisados. Em contrapartida, gordura saturada e monoinsaturada apresentaram-se inadequadas em 79% das marcas. Foi constatado que ambos o EPA e DHA estavam inadequados em 50% das marcas. Ácidos graxos ω6 apresentaramse em quantidade elevada em um dos produtos. No tocante ao ω3, algumas marcas possuíram quantidade razoável, mas apenas duas atenderam a dosagem mínima de 2 g/porção, quantidade mínima recomendada ao tratamento de hipertrigliceridemia.

Os resultados. do presente estudo demonstram que todas as marcas apresentaram incongruências entre a quantidade de nutrientes alegado nos rótulos e o detectado em análise. Apesar do estudo não ter detectado fraudes com misturas de outros óleos nas cápsulas, encontrou produtos com concentrações irrelevantes de ω3. Isso reforça a necessidade de monitoramento da qualidade desses suplementos pelos fabricantes e agências governamentais do país, uma vez que são dispensados, por legislação, de registro no Ministério da Saúde ou Agricultura, a fim de coibir produtos de tão baixa qualidade.

Palavras-chave: cápsulas de ômega-3, perfil de ácidos graxos, suplementos, mercado brasileiro.